quarta-feira, 20 de março de 2019

Liberto

Liberto
Ando assim
Peito rasgado
Mas descomplicado
Liberto
Leve
Solto
À vontade para errar
Às vezes me encontro triste
Mas
Liberto
Sem precisar
Me doar
Sem ter a energia drenada
Sem a frustração de não receber a bola de volta na tabelinha
Liberto
Sou fominha
Carro na pista
Dirijo na minha
Esperando o próximo sinal a parar
Liberto
Sai da caverna
Sabe o mito?
Sabe o morcego?
Tem algo diferente do lado de fora
Vamos olhar
O sol é lindo
E a chuva só pode molhar
Liberto

Posso escolher se quero ou não ficar

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Renovação

O processo de renovação é doloroso, ainda mais quando é forçado. Neste momento, me sinto moribundo, com uma dor que se alastra como uma faca a dilacerar minhas entranhas, rasgando cada centímetro do meu eu, colocando em conflito a necessidade vital de amor com procurar ter o mínimo de dignidade e amor próprio. De repente, o espetáculo é montado a nossa frente, seduz e, quando ele acaba, vem o choque ao ver o ator principal sem máscara. Fica um vazio ao vê-la simplesmente caindo. E você quer ver de novo para crer que aquela realidade que lhe foi mostrada nunca existiu. A cabeça fica oca, sem saber o que pensar, perdido em meio a uma teia manipuladora, que envolve sem que se perceba. Conduzido infantilmente ao covil do vampiro que drena sua força vital, criando ilusões distantes, aproveitando-se da paixão inocente de um ser mundano. O mergulho inconsequente, sem cuidados primordiais nos torna presa fácil para qualquer ser de caráter duvidoso aproveitar. As gargalhadas ecoam nas encruzilhadas, onde os seres da rua clamam por oferendas como a zombar de mim. Canto um ponto para Tranca Rua, chamo meu Marabô, o padrinho Sete só observa esperando meu grito de angústia e desespero. Hoje não mais resisto. Meu coração sangra sem parar, minhas lágrimas já secaram. Amar é um martírio, uma condenação a uma pena que não sei quanto tempo vai durar. Isso aflige. Hoje sinto-me flagelado, em devaneios tal qual o refém com síndrome de Estocolmo, com a necessidade de seu algoz, migalhas, o som da voz. Por mais que veja desprezo e frieza, acredito que no fundo ainda exista algo bom. O amante tem sempre essa ilusão. Pretensão de que o amar muito vale para dois. E quando esse sentimento perde a direção enche tanto o peito que os batimentos tal qual o canto da cigarra logo arrebentarão qualquer sinal dentro de mim. A morte é necessária para renascer, como o palhaço triste a tirar a máscara e ter que novamente colocar para um novo espetáculo e adentrar no seu ridículo para arrancar um riso sarcástico de uma pessoa na platéia. Deito, cansado, não durmo, pensamento acelerado, a rolar daqui pra lá, de lá pra cá. O lençol não aguenta, cai da cama. Tento segurar, procurando uma resposta entre as minhas angústias. Culpo , me culpo, imputo, chamo de puta. Olho para trás, até sorrio para liberdade. Mas quando me encontro com o presente a vejo como um cárcere que destruiu o que estava por vir. Sem mais nem porque, o futuro se esvai, capricho, egoísmo que desperta todo meu fel. A dor do meu amor ferve internamente com temperos de ódio e raiva. O desprezo é o combustível que causa toda essa ebulição, fazendo com que o caldeirão comece a chegar a uma pressão insuportável. Não sei se posso sustentar. Por mais que almeje o renascimento, o virar da página é um tormento, principalmente sem saber o porque razão. Mas às vezes não há resposta. Ou ela é tão óbvia que me recuso a acreditar. De admitir, que tinha uma máscara entre esse amor, que tudo era falso, frágil tal qual um castelo de areia, ou de cartas, que o vento derrubou e mostrou o jogo real, que eu não tive cacife para bancar. Não sei perder. Até porque não entrei para jogar. mas de repente perdi, me perdi. Encarar a realidade é difícil. E você sem máscara é cruel. A frieza de sua lâmina corta, afiada, e definha meu ser. Minha alma chora, pois estou seco por dentro, sem água e sem sangue, desfalecido tendo que olhar o mundo com o amarelo do sorriso que o personagem deixou. O alento é que caminho só em meio a essa escuridão, de encontro ao abismo o qual me atirarei para encontrar o revolto do meu mar, para voltar em mim e aí sim ressuscitar. E logo, esse novo eu verá você, como a bruma a beijar de leve a minha boca, mas sem mais me abalar, tal qual a brisa que refresca, que é passageira, incapaz de amar.                   

quarta-feira, 28 de março de 2018

Assassino Confesso

Estávamos eu e ela a andar e conversar amenidades pela rua da Lapa. Sinceramente não lembro o assunto. E mesmo que qualquer o fosse, perdera-se, diante de fato tão inusitado, que nos chamou a atenção de forma isolada, como a estar ali perto, porém longe um do outro, mas em conexão com o estranhamento ao ouvir a conversa de dois, a nós estranhos, que nos revelava, a nós dois, desconhecidos dos mesmos, como simples transeuntes que, naquele momento, ali passávamos em busca de um primeiro gole. Eis que, sem pretensão, no nosso caminhar desatento e descompromissado, atentamos pelo absurdo do fato descobrirmos que ali, na fila da comida vespertina , encontrava-se o assassino confesso de um crime que desconheciamos. Mas a nós, não sei porque cargas dágua, foi revelado que um daqueles dois foi o autor de tal ato, o qual saberíamos do culpado, mas nunca saberemos quem foi a vítima. Seguimos, meio que incrédulos e atônitos para depois , cúmplices que somos, nos perguntarmos instantes depois da fila da fome, se o outro havia ouvido tamanho e escabroso acontecimento, como se o modo como se matou a vítima desconhecida , fora um tanto quanto cruel, descrito pelo próprio autor, que ali, inesperadamente nos foi revelado. Seguimos, eu e ela , pelas ruas da Lapa, rumo ao Virtual, em busca de um gole que nos levasse entender o real. A vítima, não sei. Mas que matou, isso matou.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Fale

Todo fato tem dois lados
E os seus porquês
Quando o dito certo para para pensar
Para também o errado para o espelho olhar
Feito retrovisor
E a fumaça, dependendo da cor, pode sugerir causas de um problema
Eis o dilema
Quando o certo, achando-se certo, errado ficou
E o errado, que nada tinha de certo, apenas errou
Fato, que todo fato, só é fato , de fato por uma causa
Ou várias causas suas
Ou recíprocas
Ou causas do certo e errado
Fato é que mesmo o errado, para ser errado, mesmo de modo injustificável
Pode ter tido uma ou várias razões
Fato
Que o de fato, no fato que estava certo, parou para pensar e julgar
Fazendo o errado olhar-se olhando quem parado estava a pensar
Conjugando o verbo a julgar
Errado viu o que de errado tinha no que estava certo
E quis parar para pensar
Pensou errado, que nunca esteve certo, pois erradamente estava a acertar
Tentando o errado ser certo, pelo certo no fato, que foi a causa de errar
Porém o fato é que quando de fato algo incomoda
O certo é vomitar
Se deixar tal fato passar como certo
O incomodado certo vai errar
Logo , fale.   

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Saudade

E a saudade começa
Ao descer a ladeira
Entre paralelepípedos
E o bonde de Santa Teresa
É quase uma meia-volta
Por instinto
Resisto
Sem convicção
O corpo desce, até tomba
Fica estatelado no chão
Mas o pensamento fica no alto
Desço deixando uma parte de mim


quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Menina que vem pra roda

Menina que vem pra roda
Quero ver sua saia rodar
Quero ver o balanço e a bossa
Sob a luz do luar


Com seu jeito faceiro
Faz o moço se encantar
Chega na roda formosa
Faz charme, mas quer dançar


Menina que vem pra roda
Quero ver sua saia rodar
Quero ver o balanço e a bossa
Sob a luz do luar


Segura na saia de chita
Para o passo aprender
Menina entra na roda
quero dançar com você

Encontro com a Saudade

Quando a saudade nos encontra de frente
Vem com aquele sorriso
Um quê de feliz
Um quê de amarelo
Como a bruma do que ficou
Ela chega
Ela vai
Simples assim
Sem olhar pra trás
Lembra de mim?
Saber não ser imprescindível fere
Mas a gente vira apenas mais alguma lembrança
Em algum lugar

Num retrato que basta

Liberto

Liberto Ando assim Peito rasgado Mas descomplicado Liberto Leve Solto À vontade para errar Às vezes me encontro triste Ma...